Jornal O Dia/RJ;
Rio – O Ministério Público Federal (MPF) em Niterói, Região Metropolitana do Rio, denunciou à Justiça Federal 44 integrantes de uma quadrilha de exploração do jogo ilegal no Estado do Rio. Os denunciados – entre eles o presidente da escola de samba Vila Isabel, Wilson Vieira Alves (o Moisés) – eram investigados há mais de um ano pelo MPF e pela Polícia Federal, que no último dia 13 deflagraram a Operação Alvará para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo.
O MPF protocolou na 4ª Vara Federal de Niterói duas denúncias. O processo penal começa assim que a Justiça acolher as denúncias, de autoria dos procuradores da República Leonardo Luiz de Figueiredo Costa, José Maurício Gonçalves e José Augusto Simões Vagos. A 4ª Vara Federal de Niterói decretou segredo de justiça sobre as denúncias. Uma delas, já recebida, foi proposta contra seis pessoas; na outra, foram acusadas nesta quinta-feira mais 38 pessoas.
Os denunciados são acusados pelos crimes de formação de quadrilha armada, contrabando, corrupção ativa, corrupção passiva, facilitação ao contrabando e posse de armas de fogo, inclusive de uso restrito. Wilson Vieira Alves responde pelos crimes de quadrilha armada, vários crimes de contrabando e seis crimes de corrupção ativa. Entre os denunciados, estão sete policiais militares, três ex-policiais militares e um policial civil. Dos acusados nesses processos, 21 estão presos por decisão judicial e oito estão foragidos.
"O trabalho coordenado da Polícia Federal e do Ministério Público Federal mostra que é possível a repressão planejada dos crimes, com o uso dos serviços de inteligência do Estado para a investigação criminal. Esperamos que os Poderes Públicos, em todas as suas esferas, continuem a repressão dos crimes relacionados com a exploração ilegal das máquinas caça-níqueis e de todo o aparato de corrupção que cerca essa atividade. Neste caso, com os vários elementos obtidos com as buscas e apreensões, determinaremos que a Polícia Federal instaure outros inquéritos policiais para apurar os demais crimes relacionados com o caso e angariar provas quanto aos demais integrantes da quadrilha, que ainda não foram totalmente identificados", afirma o procurador da República Leonardo Costa.
Operação Alvará foi realizada no Rio, Niterói e São Gonçalo
O presidente da escola de samba Unidos Vila Isabel, Wilson Vieira Alves, conhecido como Moisés, foi preso na manhã do dia 14 de abril em sua casa, em Copacabana, na Zona Sul, durante a operação da Polícia Federal batizada de Alvará.
A Polícia Federal foi às ruas para cumprir 29 mandados em vários bairros do Rio, Niterói e São Gonçalo. Outros 42 mandados de busca e apreensão também estão sendo cumpridos. A operação foi deflagrada com o objetivo de reprimir as atividades da chamada máfia dos caça-níqueis. Oito policiais militares e um inspetor da Polícia Civil já foram presos.
A operação é uma resposta à guerra do jogo do bicho, que teve seu ápice semana passada com o atentado contra o bicheiro Rogério de Andrade. Os federais iniciaram a ação por volta das 5h, com a colaboração de agentes da Corregedoria Geral Unificada (CGU), da Secretaria de Segurança, divididos em 40 equipes num total de cerca de 230 policiais.
Com estilo controverso, Moisés levou a Vila Isabel ao título
Militar reformado, Moisés chegou à Vila Isabel em meados de 2004 por intermédio do ex-presidente da Liesa Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, e logo assumiu o cargo de superintendente da agremiação. Em seguida, apoiado pelo então presidente Evandro Luis do Nascimento, disputou a eleição presidencial e venceu.
Sem perder tempo, surpreendeu ao contratar o carnavalesco Joãosinho Trinta para fazer o desfile de 2005, quando a Vila acabaria em 10º lugar. Em 2006, Moisés levou a agremiação ao título com um enredo patrocinado pelo governo da Venezuela que falava sobre a cultura e a política dos países da América andina.
Ao vencer o campeonato, a Vila se transformou em uma potência do Carnaval deixando para trás os tempos em que lutava para não ser rebaixada. Apesar de ter pouquíssimo tempo no samba, Moisés passou a ser considerado um dos presidentes com mais prestígio na Liesa.
Bastante vaidoso, é dono de uma personalidade controversa. Se for um lado conseguiu fazer amizades com artistas e políticos, por outro fez inimigos no Carnaval. O principal deles é o presidente da Viradouro, Marco Lira, que disputaria negócios com Moisés na região de Niterói.