SOLTANDO OS BICHOS – PARTE II
___________________________________________________
Para jogar no Jogo do Bicho, bastam duas coisas: a quantia a ser apostada e um palpite. Para a quantia, R$ 1,00 está de bom tamanho. Já o palpite pode vir de várias maneiras. (…) Assim que conseguimos o palpite, vamos para as apostas. Usaremos como exemplo o milhar 1985 (Tigre). É preciso dizer ao anotador em que sorteio corre a aposta (PT, PTN/Federal ou Corujinha), e depois é só conferir aqui no site a lista dos 5 prêmios sorteado checar se ganhou.
O GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba, foi fundado em 10 de novembro de 1955, a partir de um time de futebol amador da época, o Independente Futebol Clube. No entanto, seu crescimento maior foi após os anos 1970, quando passou a ser patrocinada pelo bicheiro Castor de Andrade, seu grande torcedor. Ajudou a escola a conquistar os títulos dos carnavais de 1979,1985,1990, 1991 e 1996.
Mas sua participação no Carnaval não se limitava a esta escola de samba. Durante décadas, colocou dinheiro na organização dos desfiles, numa época em que os demais contraventores não ousavam aparecer. Deve-se ainda a Castor a fundação da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, que surgiu de uma dissidência da Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro. Sob a liderança de Castor e de Capitão Guimarães, dez escolas de samba, financiadas por bicheiros, que eram minoria e sempre derrotadas nas deliberações da Associação, criaram a LIESA, que passou a dominar o Carnaval carioca.
Cahê Rodrigues, carnavalesco da Grande Rio diz: “A ala homenageia o Castor, que foi o primeiro presidente da Liga. Ele será lembrado no segundo setor, que fala sobre a trajetória que as escolas de samba fizeram da Praça Onze até o Sambódromo”. Jornal Extra de 15 de Abril de 2010
Museu da Corrupção – Em fevereiro de 1993, em pleno sambódromo, o patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, Castor de Andrade, fez discurso de cinco minutos condenando ferozmente a perseguição aos bicheiros do Rio de Janeiro. A juíza Denise Frossard assistiu ao discurso oficial dos bicheiros pela tevê na cidade mineira de Carangola, sua terra natal, onde estava para passar o carnaval.
Jornal O Globo – Em maio de 1993, Anisío Abraão Davi, Ailton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, José Pretus Kalil, o Turcão, e outros onze bicheiros foram condenados pela juíza Denise Frossard, a seis anos de prisão, pena máxima por formação de quadrilha.
Pouco mais de três anos depois, favorecidos por liberdade condicional ou indultos, todos já estavam em liberdade. Valdemir Garcia, o Miro, e Haroldo Rodrigues Nunes, o Haroldo Saens Pena, foram os últimos a deixarem a cadeia, em dezembro de 1996.
Além dos já citados, também foram condenados e liberados os contraventores Castor de Andrade; Carlos Teixeira Martins, o Carlinhos Maracanã; José Petrus, o Zinho; José Caruzzi Escafura, o Piruinha; Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond; Paulo Roberto Andrade, o Paulinho Andrade; Waldemir Paes Garcia, o Maninho; Emil Pinheiro e Raul Corrêa de Melo, o Raul Capitão.
Em 1994, durante a Operação Mãos Limpas, o Ministério Público e a Polícia Militar estouraram uma fortaleza do bicheiro Castor de Andrade e apreenderam livros-caixa e US$ 3 milhões. A operação comprovou que os bicheiros também exploravam máquinas caça-níqueis. Na contabilidade, foram encontrados nomes de políticos e policiais – suspeitos de dar proteção aos contraventores em troca de propinas.
Entre os nomes citados nos arquivos encontrados na casa do bicheiro estava o então vice-governador Nilo Batista, o prefeito Cesar Maia e o ex-deputado federal e cantor Aguinaldo Timóteo, que negaram envolvimento com os contraventores. Eles teriam recebido ajuda financeira na campanha para as eleições de 1990 e 1992. O total pago pelos bicheiros chegou a US$ 1 milhão
Portal Terra – Marco no combate aos "capos" do jogo do bicho, um dos processos com 40,2 mil páginas que chegam a 160 kg sobre a descoberta da fortaleza de Castor de Andrade, de 1994, pode ir para o lixo. A papelada já tramita na Justiça há 16 anos e perde a validade daqui a três meses, pelas contas do Ministério Público (MP). Na ação, são alvos 42 policiais, dos quais quatro morreram. Seus nomes foram citados nas listas apreendidas pela "Operação Mãos Limpas", do MP e da polícia, que trouxeram à tona a suspeita de recebimento de suborno do crime organizado.
Durante esses anos, a ação teve pouco efeito na vida dos acusados. Um deles, o então tenente da PM Álvaro Lins, alçou voos altos enquanto o processo seguia na Justiça. Ele deixou de ser oficial da PM, passou em concurso para a Polícia Civil, ocupou o cargo máximo de chefe da instituição, elegeu-se deputado estadual, foi cassado e preso – depois solto –, sob a acusação de envolvimento novamente com o jogo do bicho. Ele responde a processo na Justiça Federal.
Quem ficou na PM também não foi incomodado por causa do processo. Atualmente, três oficiais estão à frente de batalhões operacionais e um ocupa a chefia administrativa do Estado-Maior, posto só abaixo do Comando Geral. São Adilson Lourinho da Silva, do 31º BPM (Recreio); Alec Moura, do 40º BPM (Campo Grande); Carlos Henrique Alves de Lima, do 5º BPM (Centro) e Carlos Eduardo Millan, do Estado-Maior.
O primeiro julgamento do processo aconteceu em 1998. Na ocasião, 21 foram absolvidos, entre eles Millan, e 21 condenados. Mas nem as defesas nem o Ministério Público ficaram satisfeitos.
“Eu sei e todo mundo sabe quem são os patronos das escolas de samba. Vou sempre cumprimenta-los aqui”.
Do então prefeito César Maia, em 1993, sobre os abraços que deu em bicheiros no carnaval.