ARTHUR E A EXPRESSÃO VIOLENTA DE UM SENADO SENIL

“VOU TE PEGAR!!!!!”

Notícias desta manhã, publicadas no blog do jornalista Ricardo Noblat, dão conta de que o senador Arthur Neto, o papa-recordes do parlamento amazônico, foi visto aos tapas com o jornalista Jorge Oliveira, num restaurante da capital federal. Consta que os dois, trocando bofetes, tiveram de ser expulsos do local, donde chegaram a quebrar a porta de vidro, bem ao estilo filmes americanos do horário nobre global.

Ainda não se sabem os motivos que levaram o nobre senador a andar à bulha pelas ruas de Brasília. O que se sabe é que não há nenhuma razão em tal ato. O que apenas ilustra a inutilidade do título parlamentar, característica do vazio do poder e da simulação dos pseudorrituais desta chamada democracia representativa. O senado, expressão máxima da razão e da temperança, é local que abriga os mais velhos, aqueles cujo exercício livre e engajado do existir resulta num envelhecer suave, na produção de outras perspectivas de um outro modo de perceber e sentir o mundo. Aqueles que se aproximaram daquilo que o filósofo Spinoza chama de beatitude, a en causa sui, causa de si próprio, o espírito livre.

Nada a ver com o senado brasileiro, onde o que predomina é uma senilidade, produto das relações decadentes do modo de produção do capital. O ressentimento, a ira, o ódio, a imobilidade, a servidão, a corrupção do existir, a falseação dos sentidos, a sabotagem da existência: por isso, como diria o senador Cristóvam Buarque, a casa ser incapaz de formular questões para o país.

Daí, igualmente, predominar, num senador como Arthur, os códigos da violência e da estupidez, recurso daqueles que não cultivaram o exercício da razão e do diálogo. Pobre do povo que tem senadores assim? Não; pobre do povo que precisa eleger senadores assim.

Em tempo: Arthur não pode ser acusado de não cumprir promessas, ainda que atrasado. Anos atrás, ameaçou em pleno Senado Federal, “dar uma surra” em Lula. A surra não saiu, e Lula venceu, sem precisar levantar nenhum de seus nove dedos. Venceu pela razão, com um governo aprovado e reaprovado pela população, pelas lideranças mundiais, e que causa azia e mal estar no império belicoso.

Arthur, no entanto, não deixou de exibir seus dotes truculentos. Antes tarde do que nunca, afinal, a eleição está aí. Boa sorte, senador!

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